Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

Matéria exclusiva com nosso repórter Adalberto, que está diretamente na casa da Julinha. Vai daí Adalberto!

— É isso mesmo, estamos aqui no quarto da Julinha, onde o seu celular foi largado em cima da cama e agora está desesperado, chorando copiosamente. Vamos saber o que aconteceu com esse celular.

— A Julinha me deixou aqui sozinho!

— Calma lá celular. Vamos começar do começo. Como era seu relacionamento com a jovem em questão?

— Era a melhor possível. Desde quando ela me escolheu na loja de celulares alguns anos atrás, nos apaixonamos e em pouco tempo eu já controlava sua vida.

— Como assim? Controlava a vida da Julinha?

— Sim. Como todo celular que se preze, eu tinha forte influência sobre a menina. Sua vida girava em torno de mim. Ela não largava de seu amado celular nem para dormir.

— Por favor explique isso direito?

— No dia a dia, quando acordava, durante as madrugadas, na escola, nas ruas, em todo lugar minha querida Julinha não desgrudava de mim. Passou a viver praticamente sob minha função. Sabia de tudo o que acontecia com os amigos graças a mim, conversava com outras pessoas a qualquer momento, olhava fotos das paquerinhas, postava milhares de selfies em todos lugares e até pratos de comida que iria devorar. Todos os afazeres de seu dia eram em torno de mim, que controlava sua vida por completo e ela era apenas uma submissa, hipnotizada pela minha tela brilhante e fascinante. Seus dedos longos e delicados me acariciavam e a cada toque ela se deslumbrava com essa minha atração que a contagiava, sem se dar conta de ter a vida sugada.

— Mas o que aconteceu? Por que essa choradeira agora?

— De umas semanas para cá, percebi que a Julinha começou a agir estranho comigo. Passou a me evitar durante as refeições e à noite não me coloca na cabeceira da cama. Chegou ao cúmulo de me deixar em seu bolso uma tarde inteira e me ignorou por completo. E nesta noite! Ah! Como eu sofro! Ela simplesmente me deixou aqui, jogado e esquecido enquanto saiu com os amigos para a balada!

— E você sabe por quê?

— Diz ela que quer viver a vida. Conhecer pessoas de verdade, sair, passear e ser feliz! Olha que absurdo seu Adalberto! Isso é coisa que se faça com um pobre celular?

Rodrigo Alves de Carvalho nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2022 relançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores, disponível na Amazon, Americanas.com, Estante Virtual e Submarino - rodrigojacutinga@hotmail.com

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.